sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Antes do inteiro, a metade



Depois de muito caminhar, ela chegou a um lugar estranho. Mas estranha mesmo era a sensação que ela tinha de que havia estado ali alguma vez. O vento era forte e o sol da tarde iluminava sua expressão curiosa. Estava feliz por estar ali, sentia-se bem com a paz que agora a invadia, mas não sabia o que iria encontrar se andasse um pouco mais. O risco existia, e arriscar-se seria apenas uma questão de segundos. Não teve escolha, o desejo de descobrir o que estava por vir foi maior que ela, sentia que alguma coisa realmente boa estava para acontecer, mas isso era apenas desejo, pensamento, suposição. Olhou para trás e pensou na possibilidade de voltar, olhou para os lados e pensou em ficar onde estava, fechou os olhos e escutou o coração pedir para ir em frente. Abriu os olhos, respirou fundo e sentiu um arrepio tomar conta de seu corpo, e um frio na barriga a fez pensar, por alguns segundos, em desistir, mas continuou a caminhar...
Não gostava de sentir as coisas pela metade, ela era sempre inteira em tudo, e talvez esse fosse seu pior defeito. E foi esse defeito que alimentou sua vontade de insana de pisar onde não conhecia. O engraçado é que dessa vez, ao chegar lá, não pisou com os dois pés de uma vez. Ficou divida entre o medo e o desejo. Pensou que talvez fosse melhor, pelo menos dessa vez, colocar um pé, e só depois de se sentir segura, pisar com o outro.

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