segunda-feira, 28 de setembro de 2009


Escrever é um dos meus bens mais preciosos. Escrevo para existir, guardar em mim tudo que eu penso poderia ser um tipo de suicídio. Escrever pode ser um jogo em que os dados são palavras podendo me trazer sorte ou azar. Uso as palavras para dizer algo e também para calar. O que você lê não é tudo que está escrito, existe mais. O melhor está nas entrelinhas. Todas as palavras que escrevo escondem outras palavras. Descobrir quais são não é uma questão de entender, e sim de sentir. Muitas vezes eu não me entendo e quanto mais tento entender, menos entendo. Sinto sem entender.
Cada palavra é uma idéia, uma lágrima, um sorriso, um desejo, um segredo. São como penas, e assim sendo, quando junto várias tenho asas. Vou escrevendo e voando por aí... O corpo está aqui, mas a cabeça está longe.
Escrevo para não falar o que penso, se o fizesse poderia ser um estrago total. Não... Não tente me entender, não quero que me entenda. Estou apenas procurando uma forma de aliviar algo que grita dentro de mim, uma forma de entender, de esquecer... Mas essa tem sido uma tarefa muito difícil ultimamente.

domingo, 27 de setembro de 2009

rabiscando o sol


Colocou um pé e reparou no que tinha adiante. Percebeu que não tinha feito errado em ser metade dessa vez. Olhou para os lados e viu que não tinha mais ninguém por perto. Sentou e deixou o pensamento correr. Sentiu um aperto no coração por ter percebido que o que havia ali não era o que ela tinha pensado que fosse. No mesmo instante, lembrou de quando alguém lhe disse pra sempre duvidar dos extremos. “Ele estava certo” pensou. Fechou os olhos, mas não conseguiu chorar. Um arrependimento forte tomava conta dela, se tivesse parado no começo do caminho talvez tivesse sido melhor, ou não. Quem vai saber?
Afastou umas folhas da areia e desenhou um sol. O ruim pode ter um lado bom...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Antes do inteiro, a metade



Depois de muito caminhar, ela chegou a um lugar estranho. Mas estranha mesmo era a sensação que ela tinha de que havia estado ali alguma vez. O vento era forte e o sol da tarde iluminava sua expressão curiosa. Estava feliz por estar ali, sentia-se bem com a paz que agora a invadia, mas não sabia o que iria encontrar se andasse um pouco mais. O risco existia, e arriscar-se seria apenas uma questão de segundos. Não teve escolha, o desejo de descobrir o que estava por vir foi maior que ela, sentia que alguma coisa realmente boa estava para acontecer, mas isso era apenas desejo, pensamento, suposição. Olhou para trás e pensou na possibilidade de voltar, olhou para os lados e pensou em ficar onde estava, fechou os olhos e escutou o coração pedir para ir em frente. Abriu os olhos, respirou fundo e sentiu um arrepio tomar conta de seu corpo, e um frio na barriga a fez pensar, por alguns segundos, em desistir, mas continuou a caminhar...
Não gostava de sentir as coisas pela metade, ela era sempre inteira em tudo, e talvez esse fosse seu pior defeito. E foi esse defeito que alimentou sua vontade de insana de pisar onde não conhecia. O engraçado é que dessa vez, ao chegar lá, não pisou com os dois pés de uma vez. Ficou divida entre o medo e o desejo. Pensou que talvez fosse melhor, pelo menos dessa vez, colocar um pé, e só depois de se sentir segura, pisar com o outro.