segunda-feira, 1 de junho de 2009

O trem


Peguei um trem sem saber muito bem qual seria o seu destino. No começo da viagem o ter foi se movendo devagar, e a vida passava pela minha janela. Lentamente a paisagem ia mudando, mas era tão devagar, que só depois de algum tempo eu pude perceber que aquela vida do começo da viagem tinha acabado. Era tudo novo, era tudo tão bonito, parecia tudo tão calmo e normal. Foi quando de repente, sem que eu pudesse impedir, o trem foi ficando mais veloz. Cada vez mais a vida, antes tão nítida, passava pela minha janela totalmente confusa.
O medo bateu em mim. Quis parar o trem, mas quando olhei ao meu redor, em busca de ajuda, não vi ninguém. Estava sozinha naquele trem e ele andava rápido, mais rápido e mais rápido, como se nunca fosse parar. Por favor, pare este trem, alguém pare este trem, estou com medo. A vida passa lá fora sem esperar por mim. Eu estava segura no trem, mas alguém acelerou. Por favor!
E, diante do desespero, na ansiedade de parar o trem acabei descobrindo que todo mundo pega ou já pegou esse trem um dia, e se algo está errado muitos pulam do trem. Saltam arriscando tudo para conseguir o querem, enquanto outros permanecem no trem cheios de medo, sem saber quando e aonde o trem vai parara. Descobri que o trem vai continuar andando. Ele não pode parar, mas eu posso pular.
Abri a janela, olhei aquela vida nova que passava por ela, e sem medo pulei, caí e levantei. Ainda pude ver o trem fazendo a curva ao longe.
Por favor, não tente parar este trem, o trem continua, esta é sua função. Ninguém nunca vai conseguir parar o trem.

PS: e quanto a mim, vou seguindo com passos lentos nesse novo lugar. Já me sinto bem aqui, na vida nova que tanto passou pela minha janela e eu hesitei em ao menos pensar em pular.

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