sábado, 24 de janeiro de 2009

amar faz bem


Ela gostava de revirar o passado. Vivia lembrando e se lamentando de ter feito isso ou de não ter feito aquilo. A velha gaveta no fundo do armário era um verdadeiro baú apinhado de fotos, cartas, pedaços de papéis com textos feitos por ela, e tudo mais que podia ser usado como “prova” de que ela realmente teve um momento especial. Ela amava aquela gaveta velha a qual intitulava carinhosamente de “baú de sentimentos”.

Mariana não deixava ninguém, exceto ela, abrir o seu baú de sentimentos. Aquilo era tão importante pra ela que não podia ficar um dia sequer sem dar uma olhada nas suas pequenas jóias. Vivia ali, ela mesma já tinha virado um baú. Há anos mariana não acrescentava uma coisa nova à sua gaveta. Ela costumava dizer que desde que Bruno, seu ex namorado, havia mudado de cidade, não tinha vivido nada tão especial a ponto de ser registrado de alguma forma no seu baú.

Mari não se dava conta de que ela havia se fechado pro mundo. Ela não percebia que estava se fechando pra tudo de novo que aparecia na sua vida, até que um dia uma coisa realmente nova e importante começou a acontecer: cartas de um admirador secreto que assinava suas cartas como “amar faz bem” passou a enviar-lhe todos os dias cartas com poemas de amor. No começo ela achou ridículo aquele rapaz e aquelas cartas assinadas por “amar faz bem”. Com o passar de algumas semanas, ela começou a achar digamos... Interessante toda aquela historia e ficava a cada dia mais curiosa pra saber quem era o tal rapaz. Passou a prestar atenção em todos os garotos que passavam por ela na faculdade, criou um milhão de suspeitas, mas nenhum rapaz as confirmou. Cansada de falsas suspeitas, mari escreveu uma carta para o tal “amar faz bem” falando que queria conhece-lo e deixou no mesmo lugar onde ele colocava todos os dias, não sabia a que horas, uma nova carta.

Dez dias se passaram sem que mariana recebesse uma única carta, até que foi surpreendia com o toque de sua campainha bem na hora em que estava examinando sua gaveta baú no meio da sala. Apanhou a gaveta e foi abrir a porta, um rapaz alto estava segurando um buquê de flores que escondiam seu rosto. Mari pegou as flores e antes que pudesse fazer qualquer pergunta, o rapaz abraçou a garota bem forte fazendo-a derrubar todo o seu passado no chão e suspirou as seguintes palavras em seu ouvido: “Amar faz bem.”.






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